Condições desumanas e serviço péssimo

<em>TST</em> tem de mudar

A Festru/CGTP-IN apelou ao protesto de trabalhadores e utentes por condições dignas de trabalho e de transporte.

A situação é um perigo para trabalhadores, utentes e a segurança rodoviária

Mantendo-se as «condições desumanas de trabalho e o péssimo serviço prestado» pela Transportes Sul do Tejo, a Festru/CGTP-IN pondera avançar com lutas, unindo utentes e trabalhadores por melhores transportes e condições de trabalho, anunciou Vítor Pereira, no fim da conferência de imprensa, dada dia 8, na Junta de Freguesia do Laranjeiro. O dirigente da Festru esteve acompanhado por representantes das demais organizações representativas dos trabalhadores.
«Os TST são o caixote do lixo das transportadoras europeias», considerou Vítor Pereira lembrando que, apesar disso, a empresa foi recentemente galardoada com um prémio de qualidade.
Para já, a Federação dos Sindicatos dos Transportes Rodoviários e Urbanos solicitou audiências nos Ministérios dos Transportes e do Trabalho, para exigir uma gestão responsável que melhore as condições para os utentes e para os trabalhadores da maior empresa privada nacional no sector do transporte rodoviário de passageiros.
Segundo os representantes dos trabalhadores da TST, a média de idade dos autocarros adquiridos na Europa é de mais de 20 anos e são comprados quando estão para abate. «Isto obriga a uma maior manutenção, mas a empresa tem reduzido este quadro de trabalhadores, provocando uma manutenção deficiente, com viaturas a andar na estrada, por reparar, durante vários dias», denunciou o dirigente da Festru.
Muitas das viaturas «têm o ar condicionado avariado e os utentes não podem abrir as janelas por serem transportes concebidos para o Inverno no Norte da Europa. Em algumas, «até chove lá dentro no Inverno».
A TST tem cerca de 600 viaturas e mais de 900 trabalhadores, maioritariamente em situação precária.
Este ano, os salários foram aumentados novamente abaixo da inflação, em apenas 11 euros, situação que se repete há oito anos, lembrou João Saúde, do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários do Sul.
Referindo-se à forma como tem decorrido a negociação colectiva, João Saúde revelou que há oito anos que os trabalhadores têm aumentos abaixo da inflação. «A empresa não quer negociar qualquer norma ou medida que seja favorável a quem trabalha na TST», afirmou, lembrando como «são adiadas decisões, de reunião para reunião, numa pretensa negociação que mais não tem sido além de uma perda de tempo, já que a TST nunca acorda nada connosco». Além da degradação do parque de viaturas, também salientou as condições das instalações por serem «ainda mais degradantes».

Condições desumanas

«Os horários das escalas impostos aos motoristas são de tal ordem que, por muito que se esforcem, é humanamente impossível cumpri-los», salientou Vítor Pereira, sublinhando que, «na tentativa de respeitar as carreiras, os motoristas até são obrigados a violar o Código da Estrada e a não parar em algumas paragens porque, quando não as cumprem, sofrem represálias da empresa».
Há muito que os motoristas alertam para esta grave situação, «porque transportam passageiros e não pedras, o que obriga a uma condução defensiva e suave incompatível com estes horários que, por não serem cumpridos, também suscitam a indignação da população que responsabiliza os motoristas, provocando-lhes sérios danos psicológicos», afirmou.
Os motoristas «não têm sequer tempo para satisfazer necessidades fisiológicas ou beber um copo de água e são obrigados a permanecer no interior da viatura durante todo o horário de oito horas, pelo menos, sem direito a qualquer pausa», revelou o mesmo dirigente sindical.
Tamanha é a pressão psicológica que muitos estão sob prescrição médica contra o stress e a tensão nervosa, e quatro deles abandonaram a empresa por não aguentarem mais, salientou.
Se as cargas horárias são elevadas também são muitas as horas extraordinárias, devido à falta de trabalhadores no quadro. Mas «estas horas não são divididas igualmente por todos e obrigam a esforços sobre-humanos para as cumprir, prejudicando a saúde», salientou Vítor Pereira.
Outro problema enunciado prende-se com a contratação de trabalhadores que foram reformados aquando do processo de reestruturação da TST, e que a empresa voltou a reintegrar. Para as ORTs, esta é uma situação «incompreensível, ilegal e imoral que em nada prestigia a empresa», considerou Vítor Pereira.

Utentes mal servidos

O serviço prestado aos utentes também se tem degradado com a diminuição de carreiras que obriga a maiores tempos de espera nas paragens, além de os horários apertados porem em risco a sua segurança, informou o mesmo dirigente sindical.
«Os utentes também estão a suportar os brutais aumentos do tarifário», salientou recordando que entre Fevereiro de 2003 e Janeiro de 2007, os aumentos nos bilhetes foram todos acima dos 20 por cento, havendo situações em que o acréscimo foi de mais de 30 por cento, recordou Vítor Pereira.
«Não só as populações vêem limitado o seu direito à mobilidade, com a supressão de autocarros, como pagam e bem pelo transporte que é cada vez pior», acrescentou.
Além dos resultados financeiros graças ao exorbitante preço do tarifário, «a TST ganha dinheiro de todas as formas»: pondo em causa a mobilidade das populações, poupa suprimindo autocarros; através das indemnizações compensatórias constantes no Orçamento do Estado – de 2004 a 2006 recebeu cerca de 4 milhões de euros – e da verba para aquisição de 21 viaturas obsoletas (recebeu 813 mil euros, de 2000 a 2006). O Estado também cedeu verbas para renovação das máquinas de bilhetes e a implantação da vídeovigilância. Tudo junto, a Festru apurou um investimento de 1 218 000 euros (243 600 contos) «e não se entende, com tamanha despesa, que preste tão mau serviço à população e que pratique salários de miséria – 600 euros de salário-base - que levam à necessidade de recorrerem ao trabalho suplementar, cuja distribuição é discriminatória».

As “carreiras” da Sulfertagus

A concessão atribuída à Sulfertagus pela Direcção-Geral de Transportes Terrestres destina-a a cumprir a tarefa exclusiva de transportar passageiros para o comboio na Ponte 25 de Abril, mas, segundo a Festru, não é isso que se passa. «A Sulfertagus faz carreiras normais no mesmo espaço dos TST, e não só recolhe passageiros para o comboio, como deixa utentes em todas as paragens», salientou Vítor Pereira. Assim, a Sulfertagus recebe as somas decorrentes do contrato e também impõe um tarifário aos utentes que usam o transporte como se de uma carreira regular se tratasse.
Os sindicatos nunca tiveram acesso ao conteúdo do contrato entre os TST e a Sulfertagus mas ele foi justificado por esta não estar classificada como empresa de transportes. Os autocarros têm o logótipo da Sulfertagus, mas tanto os trabalhadores como as viaturas são da TST, salientou a federação.


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